Crônica sustentável


Agora ela estava morta e os seus filhos se evacuaram do enterro. Todos tomaram as suas famílias e de longe olharam o fogo que o vento ainda tentava apagar. Choraram mais uma vez pelos irmãos que morreram também tentando salvar a mãe. Famílias inteiras foram destruídas pelo incêndio que eu eles não sabiam de onde tinha vindo. Famílias diferentes moravam ali, tinham suas divergências, mas todos zelavam pela Mãe e o que ela impunha era respeitado por todos.
Os principais suspeitos pelo fogo eram aqueles perversos homens da rodovia. Há muito tempo a Mãe lutava para resistir às obras que eles tentavam iniciar no local e eles não gostavam dela, ela estava no caminho deles e tinha que ser apagada.
Agora, com suas famílias, eles não têm para onde ir. A Mãe era o seu único refúgio e agora  estavam condenados à morte.
               E lá estava eu, uma cronista olhando a queimada e reproduzindo o sentimento da fauna.


Maria Eduarda  Nascimento

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS
Read Comments

Agora ele estava ali, olhando fixamente pra mim. Desviei o olhar (fico constrangida quando percebem que eu estava olhando). Mas eu não conseguiria irrelevar a cena: Estava com uma colher nas mãos, não havia outros talheres, seu prato estava esborrando por todos os lados, o cabelo bagunçado, vestes rasgadas e rosto bem sujo. 
Mesmo aparentando muita fome, impediu a mastigação e sorriu pra mim. Retribui o sorriso, tentando imaginar a  história por trás daquele prato de comida. 


Maria Eduarda Nascimento

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS
Read Comments