Retrospectiva 2013

Como é tradição do "Crônicas de Dudasn" aqui vai nossa retrospectiva:

Primeiramente, sinto muitíssimo por ter abandonado o blog, mas sinceramente, eu estive realmente ocupada. Resolvi escrever porque dei uma olhada nas postagens antigas e deu muita saudade; pra ser sincera com vocês, nem sei escrever tão bem como antes: falta de prática é horrível!

Mas voltando à retrospectiva, vi que muita coisa mudou de 2012 pra cá e muita coisa se realizou: Eu tô na faculdade! Sabem o que significa? Não é nada que vocês esperam de farras, curtição e gente madura. Não mesmo! É uma escola com um pouco mais de prazos, os quais sempre me saí muito bem, então não há muita diferença.
Tenho meu trabalho agora, que eu gosto demais! Mas espero ter que abandoná-lo pra trabalhar no que eu realmente quero (isso será escrito na retrospectiva 2014). Mas não para por aí: Eu tenho dois empregos. Tô dando uma força na Rádio Comunitária da cidade e eu gosto muito também.

Falando um pouco da vida pessoal: foi um ano de descobertas, não acreditariam nas loucuras que eu fiz se eu contasse. E falando em amor: continuo na mesma e imagino que será minha resposta pro resto dos anos da minha vida, já que amor é amor e você só tem um mesmo. Mas eu me diverti sem me apegar algumas poucas vezes e isso foi bom. Eu fiz muitos amigos e curti coisas maravilhosas com eles!!

Para 2014?

Quero ter mais responsabilidades! Porque ao contrário de todos, eu adoro.
Quero ser mais ousada do que eu já sou, porque eu consigo tudo assim.
Quero parar de me importar que todos ao meu redor são felizes com seus respectivos amores e viver minha vida, porque eu não quero ter mais esperanças.
Quero meu carro e meus 18 anos tão esperados,
quero viajar muito mais, começar meu negócio e ter tempo pra malhar regularmente.

Eu espero tudo de 2014, porque 14 é par e eu adoro número par.

Por fim, quero aparecer mais aqui, só que com textos felizes e relatos de lugares e pessoas legais.


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Não pare!


Me dei conta que sempre pedi pra que você crescesse, sempre achei que ser mais a madura reduziria meu papel de namorada. Eu ria das suas palhaçadas, ria porque você não sabia o nome do autor e escrevia palavras erradas. Hoje você escreve tudo certinho, mas as palavras não tem mais aquela leveza, elas cortam, machucam. 
Antes você nem sabia o significado de algumas palavra, hoje você é capaz de interpretar "clichê" sem minha ajuda e aí eu me tornei clichê pra você. 
Eu não queria que você crescesse, não queria que você deixasse de depender de mim, não gosto que seja tão perigoso pra você ser quem você é agora. Não gosto que você seja responsável, não gosto que seja sério. 
Pare de entender minhas piadas de nerd. Pare de colocar virgula nos lugares certos. Pare de me machucar com os seus pontos de exclamação. Parou de se importar com as pessoas: não pare! Não pare de ser você mesmo, não pare.  A verdade é que eu sinto falta de ser a única pessoa chata na relação. 

Maria Eduarda Nascimento

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Ligação

-Alô?
- O que acontecendo?
- Ah... oi.
- Por que vocêassim?
- Assim como?
- Assim...sem falar comigo.
- dando um tempo.
- De mim?
- De tudo.
- Por que? brava? O que eu fiz?
- Nada.
- Então o que foi?
- Mudamos.
- O que?
- Nós mudamos.
- Não mudei.
- Mudou... e eu também. Não sou a mesma do ano passado e do ano anterior. Nem você.
- Não, tudo na mesma.
- Não está, não estamos, nada está.
- Então por que o tempo? Como assim tempo?
- Tudo ficando ruim, o passado foi importante pra mim, mas o presente estragando ele e eu não quero.
- E... o futuro?
- sendo estragado também.
- Mas... e nós?
- Você não será o mesmo daqui há cinco, seis, sete anos. Nem eu.
- E...?
- Me procura depois. Terei mudado, talvez não esteja tudo estragado afinal.

Desliguei.

Maria Eduarda Nascimento

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O menino dos gibis


Gostaria de entender por que esse tipo de coisa acontece tanto em transportes públicos. Para cada cronista passageiro está reservado um tesouro.

Abri “Contos reunidos”, de Rubem Fonseca, na página 234, esperando um encerramento chocante para “A coleira do cão”, quando senti um cutucão seguido de uma vozinha que dizia:
-Você lê um livro desse tamanho?
 Sorri quando percebi que era o garotinho que havia sentado ao meu lado. Seu boné meio rasgado, bermuda meio velha e camisa amarrotada o davam um ar de criança sofrida que contrastava estupidamente com o seu sorriso.
- Leio. Você não? – respondi, tentando ser simpática.
- Não, é muito grande. Quantas páginas têm?
Tentei responder, mas ele não deixou:
- Eu gosto de ler, mas gosto de ler histórias em quadrinhos. Já li todas que você conseguir imaginar: Luluzinha, Turma da Mônica, Riquinho, de super-heróis, da Disney... Eu gosto de Pluto, mas ele não fala, só late.
Eu não conseguiria esconder o brilho dos meus olhos nem se eu quisesse. Uma criança que lia, que GOSTAVA de ler, que ADORAVA, na verdade. Já o amava:
- Sério? Já li todos esses que você leu. Quando eu tinha sua idade eu adorava, ainda gosto. Aliás, quantos anos você tem?
- 4+4
- Oito?
Balançou a cabeça afirmando e disse:
- Eu leio na livraria, estou indo no shopping por isso. Primeiro vou na loja de computadores, depois vou me sentar na livraria e ler todos os gibis.
- Você já deve ter lido todos de lá, né? Você lê na escola?
- Leio. – pareceu ainda mais feliz – Lá tem trinta gibis, eu contei e já li todos. Eu prefiro ler do que brincar. Os meninos não são legais comigo lá, eles rasgaram meu gibi de edição especial do Pato Donald! Ele tinha 124 páginas!
Pude sentir a dor dele.
- E o que você fez? É feio rasgar livros. Não deixa eles fazerem isso com você mais.
- Agora eu leio debaixo da escada, mas quando eu for grande vou rackear todos os wifis deles. Você vai ver.
Ri:
- Tenho certeza que sim!
Maria Eduarda Nascimento

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Diálogo

-Você conseguiu esquecer?
- Você tem que me perguntar em que parte do dia. - abriu um sorriso triste- Não, eu não consegui.
- Mas do que adianta? Já faz um tempo...
- Eu não sei.
- O que te deixou mais triste?
- Ninguém foi capaz de entender por que eu agi da forma que eu agi.
- Mas todos nós concordamos com você, você fez o mínimo que precisava fazer. Você esqueceu o que fizeram com você? Esqueceu de como você ficou? Você quase morreu! Você não teria feito isso com ninguém, com nenhuma de nós. Você sempre foi incapaz de fazer mal a alguém.
- Nada disso importa mais.
- Ei, espera aí. Você está se culpando agora?
- Ninguém teve culpa.
- Sim, alguém sempre tem culpa.
- Quem teve culpa?
- Você sabe...
- Não, não houve culpado. Só aconteceu. Fim.
- Tudo o que você fez foi pra se proteger, era preciso.
- Bem, não adiantou muito.
- Sim, adiantou. Você está viva aqui, mesmo com esses breves momentos de tristeza, você está viva! Você consegue sorrir, você está trabalhando, está começando a sua faculdade, participando da igreja... Você tem a nós...
- Obrigada.
- Dói porque ele não te procurou mais, né?
- É. Mas eu sabia que isso aconteceria, desde o primeiro momento.
-Escuta aqui: Não foi sua culpa, entendeu? Você estava tentando se proteger. Você não merece ver tudo o que está acontecendo, não mereceu as coisas que ele te chamou. Eu vejo o quanto você chora só por ver aquela maldita foto. Você deveria apagar os antigos emails também.
- Talvez um dia eu precise deles.
- Eu nunca perdoaria.
- Eu nunca conseguiria não perdoar. Eu perdoo quem eu não conheço, quanto mais ele. Eu nunca tive raiva, nunca desejei mal a eles, pelo contrário. Eu sempre quis que eles entendessem o meu lado, se colocassem no meu lugar. Mas é sempre difícil se colocar no lugar dos outros, eu entendo.
- Você sempre vê um lado puro nas pessoas.


- Isso é um elogio pra mim.






Maria Eduarda Nascimento



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Paráfrase


Meus olhos estão vendados, não consigo mover as minhas mãos, mas ouço os gritos de alguém que fala não saber de nada. Eu serei o próximo. Dor, muita dor. Difícil ser marginalizado por algo que não deveria ser crime. Lembrei-me da tia Maria, a dor dela deve ter sido pior que a minha ao perder o primo Juninho. A dor do Juninho deve ter sido pior que a minha: perdido por aí, de certo morto. E a dor da minha mãe? Pobre, mãe. Aposto que não voltarei para casa. Disso não sinto dor, sinto conformismo, sei que vou morrer.  Vou morrer porque não sou rico, não sou filho de gente importante, não sou cantor, não tenho dinheiro para me autoexilar. Não tinha dinheiro nem para visitar a tia Maria. Vou morrer porque sou um ninguém, nesse país de alguém, que não sou eu.
Acho que o outro já se foi, é a minha vez. Acho que vou me poupar de falar, eles nem querem saber mesmo. Quanto mais rápido eu morrer, melhor. Espero que eles escolham uma forma mais rápida, que Deus seja por mim nessa hora.

Paráfrase
Achados e perdidos – Gonzaguinha

Maria Eduarda Nascimento

(Texto desenvolvido em 16/10/12 para fazer parte do acervo do blog Cangaço Groove.  O texto girou em torno da semana de homenagens às pessoas que sofreram com a ditadura militar no Brasil.  O título "Paráfrase" foi escolhido porque foi inspirado da música "Achados e perdidos" de Gonzaguinha.) 

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Não existe!

- O amor não existe! - gritou repetidas vezes na rua. Tinha a esperança que um dia, as pessoas se convencessem de que ela estava certa. - Sabem por quê? Porque estive cara a cara com ele e ele nunca pareceu ser verdadeiro pra mim. - tentava se equilibrar no salto. Palavras balbuciadas com certa dificuldade. 
Todo mundo olhava esquisito, alguns balançavam a cabeça em sinal de reprovação. Ela sabia que estava fazendo uma cena, mas do que importava? Nada mais importava. Riu alto, gargalhou na verdade. 
- Um dia todos vão passar pela mesma situação que eu: Vão conhecer alguém, vão acreditar que é amor e no final, vão quebrar a cara e o coração, tanto o seu quanto o do outro. E sabe o que vocês vão fazer, depois que chorarem e acharem que a vida acabou? Vão tentar curar o sentimento fingindo que o amor não existe. Depois, talvez, vão encontrar outra pessoa e irá acontecer a mesma coisa. Então, deixem-me fazer a minha cena, até que apareça alguém que me prove o contrário, pelo menos por um tempo. - sorriu, respirou fundo e gritou novamente: O amor não existe!




Maria Eduarda Nascimento


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